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Piero Rossini

Edson foi embora, mas Pelé será eterno e muito maior que Maradona, Messi, Cristiano Ronaldo e etc

Atualizado: 30 de dez. de 2022

por Piero Rossini


Foto: Bing



Eu nasci em 20 de janeiro de 1982 (ano de Copa do Mundo). Hoje - com 40 anos - posso dizer de boca cheia que tive a oportunidade de ver e comemorar 2 títulos de Copa do Mundo (94 e 2002). No entanto, sempre lamentei profundamente não ter acompanhado o maior jogador de todos os tempos: o Rei Pelé, que infelizmente nos deixou.


A minha relação com o legado do Pelé é de admirador, mas por 15 anos da minha vida ouvi histórias do Rei sob a ótica do meu padrasto (que também já se foi). Ele, sempre que tinha uma oportunidade, falava algo. Isso porque, os dois eram amigos quando crianças, em Bauru (cidade do interior de São Paulo). Eles jogaram bola no campinho da cidade e no B.A.C (Bauru Atlético Clube - também conhecido como Baquinho, acredito que já instinto). Passagem essa eternizada em uma foto de um dos muitos livros sobre o Pelé. Eram amigos de rua. O tempo passou e o menino Edson incorporou a figura do Pelé e se consagrou no futebol.


Já Fred (apelido do meu padrasto, que se chamava Antônio Frederigue) seguiu outro rumo. Posso dizer que o futebol também foi parte importante da sua vida, tanto como jogador - profissional e amador - mas principalmente como torcedor e admirador. Mas foi no Direito que ele se encontrou. (A carreira do Fred no futebol foi curta: treinou pouco tempo no Santos junto com o Pelé, jogou no São Bento, no Juventus da Mooca, entre outros. Só parou depois de uma lesão séria no joelho). Inclusive, assistiu in loco do banco de reservas do adversário, o gol mais bonito da carreira do Pelé, na Rua Javari, nos anos 60.


Pelé e Fred conviveram pouco tempo, quando os dois tinham entre 10 e 11 anos. Não me lembro do Fred ter reencontrado o Edson, quando já era o Rei Pelé. Mas a lembrança desse curto período que conviveram juntos sempre foi muito viva. E eu como um apaixonado por futebol, sempre prestei muito atenção a todas as histórias.


Alias, são muitas.


A principal e mais marcante delas era quando Fred falava sobre a humildade da família do Pelé, que na época engraxava sapatos na cidade. Ele sempre enchia os olhos de lágrimas para falar do amigo, das peladas nos campinhos e da vez que ele foi na casa daquele que iria se tornar o Rei do Futebol. Ele sempre frisava que naquele dia, a família do pequeno Edson mal tinha o que comer, mas fez questão de recebê-lo e dividir a refeição. Essa passagem sempre me arrepiou. Fred sempre se emocionava contando.


Ao longo de todos os anos que convivi com o Fred, ele jamais falou nada que desabonasse a pessoa Edson Arantes do Nascimento. E apesar de algumas passagens controversas na sua vida pessoal (com destaque para a filha não reconhecida), sempre elevou o nome do Brasil pelo mundo.


É normal algumas pessoas dividirem as opiniões para falar da pessoa Edson e do jogador e celebridade Rei Pelé. Eu não conheci o Edson, mas conheço ( como todos os brasileiros) um pouco da sua vida pessoal. (namorou a Xuxa, não reconheceu a filha, se casou algumas vezes, visitou o Papa, etc.) Mas aquelas repetitivas palavras do meu padrasto, não só sobre a humildade daquele menino, mas principalmente dos seus pais, sempre mexiam com o meu imaginário. E quando penso na sua história de vida. Da onde saiu e onde chegou, o meu respeito fica ainda maior. Isso não significa que sempre concordei com tudo que ele dizia. Mas o respeito pelo Edson sempre foi muito presente.


Já pelo atleta Pelé, não preciso dizer nada. É o maior jogador de futebol da história.


Vamos as estatísticas: foram 1282 gols (oficiais e sem forçar a barra como Túlio e Romário), três Copas do Mundo (1958,62 e 70), 92 hat tricks (3 gols no mesmo jogo), 37 títulos ao todo. Considerado pela Fifa o melhor jogado de futebol do século XX, e Atleta do Século pelo COI. Considerado pela Revista time como uma das maiores personalidades do Século XX.


Também recebeu diversas honrarias: prêmio de Cidadão do Mundo da ONU, Embaixador da Boa Vontade da UNESCO e muito mais.


Fred sempre exaltava as qualidades do Pelé como jogador. Sempre falou daquele time imbatível do Santos.


Edson errou, falou bobagem? Sim, quem nunca?


O maior problema foi esperar que o Edson fosse o Pelé 100% do tempo. Porque, nesse mundo de Rei tudo toma uma proporção muito grande. Edson sempre foi um ser humano falho como todos nós, enquanto Pelé é uma entidade. E quando uma palavra sai da boca de uma entidade, o peso é enorme.


O que eu nunca consegui aceitar foi aquela famosa expressão do Romário de que o “Pelé de boca fechada é um poeta”. Na verdade, os boleiros e opinião pública sempre esperavam escutar da entidade Pelé o que eles queriam ouvir. Só que esqueceram que o Edson sempre falou o que pensa, custe o que custar. Tinha personalidade forte.


Fica a história, fica o legado, fica o Rei. Do Edson, nos despedimos. Já o Pelé, é eterno.


Obrigado por tudo, Rei. Espero que você e o Fred se encontrem no céu e possam jogar juntos de novo.




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